#Environment
Target:
Assembleia da república
Region:
Portugal
Website:
gurreirosdapaz2.wordpress.com

Caros (as) Senhores (as):

Todos os anos continuamos a ser confrontados com esta tristeza chamada incêndios florestais, ano após ano como se fosse uma fatalidade a que nos temos que acostumar, é suposto acostumar-nos a ver arder património tão valioso para qualquer nação e encarar isso como insoluvél e inevitável enquanto se gastaram milhões de euros tão mal gastos em tantas obras fúteis com pouco interesse para a população geral?! é suposto vermos morrer bombeiros, gente que se sacrificou pelo bem comum e não sentirmos urgência em resolver com empenho esta questão ou tentar ao máximo pelo menos? não aponto aqui governos, é uma questão antiga que atravessou vários governos,o que é resta é que continua por se fazer um esforço real de estudo e solução desta questão, pelo menos tanto quanto a opinião pública em geral tenha conhecimento e o facto é que os incêndios em larga escala continuam e pouco mudou ou nada. A crise económica não pode travar o esforço real para evitar estas situações no futuro!Entre as razões para pagarmos impostos está a preservação do ambiente que não é um simples fait-divers governativo, não é um assunto menor…longe disso, não só os incêndios provocam imensos prejuízos materiais como também perda de vidas. A batalha pela salvação do planeta é a última fronteira do ser humano, a natureza, a biodiversidade, o ar que respiramos e o que tiramos da terra não são mera paisagem, não são "mato", não é "espaço para construir" é essencial à nossa sobrevivência no planeta e das gerações futuras que temos o dever de salvaguardar sem nos poupar a esforços humanos ou económicos para tal, de resto, é o que fazem todas as civilizações avançadas e países do chamado primeiro mundo, por cá continua a ser necessário muito mais investimento em educação ambiental e para os valores da preservação e respeito pela natureza, mesmo sendo um país pobre, mesmo os países pobres e até as economias emergentes têm que começar com boas bases acautelando tanto quanto possível e razoável o futuro visto que as alterações climáticas são evidentes, a degradação ambiental no mundo é evidente o que pode causar prejuizos tremendos e fome em massa se se agravarem! E aí não há finanças que nos valham.

As florestas e os ecossistemas que suportam são, acredite ou não, o suporte da vida na Terra. Não podemos respirar petróleo, ouro ou dinheiro: só oxigénio! E é dever de um Estado garantir o futuro das gerações vindouras e preservar a natureza do seu próprio país e ainda contribuir e influir na sobrevivência geral no planeta. É do interesse geral do povo português que seja preservada a nossa floresta, não só pelas vidas humanas que já se perderam, pelos danos materiais de vidas inteiras de trabalho, mas porque preservar a natureza como um bem essencial é um dever e atributo de qualquer país civilizado, a verdadeira modernidade não consiste só de tecnologia ou pelo menos aplique-se a mesma a este valor também.

Qualquer país verdadeiramente avançado não anda a duas velocidades, com a desertificação e negligência face às zonas do interior os incêndios tornam-se muito mais fáceis de ocorrer e a falta de política de reflorestação por sua vez e de ordenamento do território por sua vez são prova deste desprezo face ao interior, deste provincianismo de resumir Portugal a meia dúzia de cidades esquecendo mais de metade do país.

A problemática dos incêndios pode parecer vasta e complexa mas é-o principalmente porque se tem tido a atitude da avestruz: de evitar ou adiar o problema e não se investir tempo e dinheiro e acima de tudo vontade e brio, sentido de Estado e de comunidade na solução de um problema tão velho quanto este o que só nos envergonha; que todos os anos isto suceda sem que se empenhem todos os meios humanos, financeiros e de tempo/disponibilidade para o resolver, uma vergonha sobretudo porque os media estrangeiros costumam espalhar a notícia pelo mundo...até por uma questão de dignidade nacional este assunto deveria de facto ser alvo de atenção especial.

O elevado número de incêndios, o elevado número de detenções de supostos incendiários, levaria a crer que, como disse um jornalista num programa da SIC, que há aqui uma "indústria dos fogos", uma cadeia de interesses económicos ocultos que importaria apurar se de facto existe ou não e desmantelar, quer por via legal quer de investigação, porém por outro lado, também somos informados pelos meios de comunicação social de que boa parte dos incendiários o fizeram por motivos dispares, sobretudo "vinganças" ou sob efeito do álcool a que se juntam outras circunstâncias pessoais desfavoráveis, alguns incendiários são menores de idade mas que mais de metade dos incêndios são negligentes. De facto daqui ressaltam três prioridades: a primeira é de que esta questão das causas precisa de pesquisa/estudo/investigação sérias e empenhadas com os meios que forem necessários; humanos e materiais, a segunda é de que a educação para valores, e aqui sobretudo ambientais e humanos, que estamos a transmitir às gerações mais novas é insuficiente e ineficaz, não generalizando porém acautelando este factor, mais investimento deveria ocorrer nessa educação; investimento inteligente e bem estudado, não só para os jovens, visto que os incêndios negligentes também são causados por adultos, mas também para estes, por que meios melhor se chegar aos mesmos para mudar mentalidades, até porque há muitos adultos que ainda não separam o seu lixo para reciclar e as nossas praias no final do verão estão imundas e enquanto não se apostar fortemente na educação profunda para estes valores fica difícil resolver qualquer questão deste tipo, da dos incêndios, com real eficácia a longo prazo. Não basta investir no combate é preciso sobretudo investir na prevenção ou estar-se-á a gastar o erário público em modo de ciclo vicioso; sem prevenir gastos limitando-nos a "chover no molhado" como se costuma dizer.

No terreno os bombeiros continuam a deparar-se com dificuldades de acesso, com meios insuficientes ou menos modernos e completos do que poderiam ser e continuam-se a ouvir queixas de alguma falta de coordenação das várias forças/meios envolvidos (protecção civil e bombeiros por exemplo), porém, mais grave que tudo isto é o novo plano de arborização do governo que inclui a plantação de eucaliptos, de novo, quando essa ameaça parecia já afastada de vez...uma árvore altamente inflamável, mais típica da Austrália e que sorve todos os nutrientes da terra deixando-a quase esgotada além de que outras árvores endémicas quase desapareceram do nosso mapa florestal sem que pareça haver grande interesse em recuperar aquilo que seria a nossa biodiversidade arborícola e fazê-lo de forma ordenada, a nossa floresta é quase monocórdica: pinheiros (também eles altamente inflamáveis) e eucaliptos e pouco mais. A floresta continua nas mãos de privados que a negligenciam e no entanto só se consideram donos das mesmas para salvaguardar direitos em deveres. É lamentável que hajam estudos e mais estudos de especialistas da engenharia florestal à ambiental sobre esta matéria, opiniões e pontos de vista de bombeiros e protecção civil e um ano inteiro para colocar tudo em prática e no entanto nada muda, é lamentável que não se faça por perceber que meios modernos de prevenção e combate existem noutros países e não se procurar aprender com a sua experiência, é lamentável que não haja diálogo frequente e reuniões frequentes ao longo do ano entre todos os sectores/áreas envolvidas nesta questão, nem que seja com uma comissão especial mas real e empenhada de facto...com dever de apresentar resultados concretos e um plano exequível e o mais eficaz possível, também seria importante dotar a polícia judiciária de todos os meios e tempo possível para descobrir as causas dos incêndios mas depois proceder-se a uma conclusão de âmbito multidisciplinar tanto quanto ela seja possível para se atacarem as causas mais comuns, seria importante a união entre todos em torno desta questão.

SOLICITAMOS POIS a adopção de medidas urgentes, empenhadas e efectivas para a prevenção e combate a incêndios florestais entre as quais:

-Se vários especialistas e estudiosos destas matérias e associações ambientalistas apresentam pacotes de soluções, se pedem audiências, se estudam e se disponibilizam para ajudar a resolver esta questão dos incêndios florestais, estará talvez na altura de reunir uma comissão com vários especialistas das áreas inter-relacionadas com esta questão e dar-lhes tempo e meios para trabalharem e apresentarem soluções que possam ser discutidas e apreciadas pelo governo e colocadas em prática da melhor forma possivel; não uma comissão que seja meramente simbólica ou com aparência de solução, mas com intenção de realmente resolver esta questão, teria que ser interdisciplinar e seriam ouvidas as várias áreas por ela abrangidas (seus representantes pelo menos); engenheiros florestais, bombeiros e protecção civil, sociólogos, psicólogos e assistentes sociais, agentes de investigação, confederações, e afins; de agricultores, caçadores, silvicultores, criadores de gado, autarcas de zonas do interior mais arborizadas, proprietários florestais e associações ambientalistas entre outras áreas que possam ajudar a encontrar soluções. A existir uma comissão empenhada de facto na resolução deste problema, como seria desejável, a mesma teria que ser independente, claro, dispor dos meios necessários, regular e no final apresentar possíveis soluções quer de prevenção,quer de combate.

-Estudar todas as possibilidades, todas as causas suspeitas ou possíveis, sem encarar nenhuma como impossível à priori, sejam elas, por enquanto, mitos ou verdade.

- Legislar da melhor forma, administrar da melhor forma os recursos de modo a bloquear todas estas possíveis causas; haja ou não certezas quanto à sua causalidade, isto porque havendo margem para dúvidas ou uma forma melhor de se legislar e alterar leis já existentes e organizarem os meios então é isso que deve ser feito, pois o que pode ser feito de forma melhor não tem porque ser feito de forma pior, até porque em principio se acautelam causas futuras.

-Invista-se em fiscalização: no meio de níveis de desemprego elevados seria desejável abrirem-se mais vagas para guardas florestais e fazer deles uma força militar forte com os meios de que precisarem.

- Fornecer à polícia judiciária os recursos de que precisarem para fazer um bom trabalho de investigação e que estejam, em sua opinião, em falta.

-É preciso insistir na educação ambiental usando meios de difusão nacionais (jornais, estações de televisão e rádios) mas também locais, próximos da população: igreja (durante a missa podem-se passar boas mensagens e que se coadunam com uma religião de paz), GNR, Junta de freguesia, casa do povo, escolas e até cartazes em cafés locais e até pedindo a ajuda de voluntários para espalhar a mensagem (os escuteiros por exemplo costumam ser bastante disponíveis).

- Colocar definitivamente de parte o novo plano de arborização que abra a porta à cultura e monoculturas de eucaliptos, árvore altamente inflamável e que causa empobrecimento dos solos. A nossa biodiversidade está ameaçada pela paisagem monocórdica e inflamável de eucaliptos e pinheiros.

- Fazer a cartografia/mapeamento da floresta e apurar (dar um prazo) os seus proprietários e solicitar-lhes que adoptem medidas de prevenção de incêndios tais como a limpeza das suas propriedades e possível ordenamento, saber quais as actividades que nelas desenvolvem (para apurar se estão ao abandono), informá-los sobre formas de rentabilização/apoios a possíveis actividades florestais (nada melhor que haver actividade dos campos para estarem mais vigiados, o abandono facilita os incêndios)e apoiar o proprietário que queira ficar com os seus terrenos (financeiramente e eventualmente outros meios) porém fiscalizando a real aplicação desses fundos e meios, se após o prazo estabelecido nada ocorrer nesses terrenos que seja dissuasor de incêndios a actuação do Estado deve ser coerciva.

- A diversidade das espécies vegetais é importante mas feita da forma certa e não aleatória, irregular ou mal planeada: arborização compartimentada ou em mosaico, segundo o estudo em que me baseei parecem ser mais adequadas a menos que haja outro consenso entre especialistas em engenharia florestal e silvicultura.

-A existência duma rede viária e divisional de aceiros e arrifes.

-A construção de pequenas barragens, lagos artificiais (na Estremadura Espanhola existem muitos embalses): fontes de abastecimento decisivas. Construção/implementação de barreiras à propagação de incêndios sejam faixas de terreno ou cursos de água, linhas de corta fogo ou outros métodos que possam ser indicados. O aceiro é uma faixa livre de vegetação, onde o solo mineral é exposto. A largura dessa faixa depende do tipo de material combustível, da localização etc. É recomendado por vários estudos um espaçamento de pelo menos de 5 em 5 km para os açudes, além disso, esses locais de captação de água podem ser utilizados em outras atividades como: melhorar o micro clima, recreação e piscicultura, auxilia ao plantio, útil para a fauna e pecuária, a aplicação de defensivos entre outros usos úteis para populações locais.

-É igualmente recomendável manter, na floresta, caminhos, veredas e valetas limpos de matos ou de produtos de exploração florestal. Para tanto olhe-se ao exemplo de Monchique que não ardeu porque a autarquia se encarregou de tomar este assunto entre mãos, o exemplo poderia ser extensível a outras zonas. Contou inclusive com ajuda de militares o que poderia ter benefícios óbvios em matéria de vigilância. De resto foi muito comentada esta necessidade de dar mais responsabilidades às autarquias nestas matérias.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=479817&tm=8&layout=122&visual=61

- Outra medida importante seria tornar economicamente lucrativos os resíduos florestais, quem o diz é alguém ligado ao Instituto superior de agronomia e licenciado em silvicultura: "... é necessário fazer com que esta limpeza seja economicamente interessante, como o era há duas décadas, quando o produto era usado para as camas de gado... como é o caso da central termelétrica da Mortágua, que produz energia a partir de resíduos florestais..."

-A desertificação do interior e envelhecimento da população torna difícil encontrar quem limpe as matas, no entanto, para além do exemplo de Monchique, é preciso dizer que boa parte da mata tem dono, os proprietários devem ter esta responsabilidade legal de cuidar do que é seu ou o que é seu passa a ser limpo coercivamente pelo Estado ou pela expropriação do terreno após aviso e prazo, no sentido de cumprirem com os seus deveres de proprietários. Se por mais que um ano ou dois o Estado se vê obrigado a limpar terreno alheio ou se depara com fogos repetidos o melhor será expropriar.

-Eliminação ou Redução das Fontes de Propagação: limpar as bermas das estradas e proibir legalmente que se atirem cigarros, mal ou bem apagados, pela janela das viaturas, como meios de prova (e única forma de tornar a lei exequível); os radares que filmem a situação ou outro meio de prova inequívoco e idóneo apresentado por cidadãos. O mesmo em relação a foguetes e queimadas; muitos incorrem neste comportamento, sem dolo, porque acham que nada vai correr mal e ninguém está a ver ou vai saber. Nesse caso devem haver coimas elevadas e bastante divulgação das normas e fiscalização/vigilância.

- Acabar de uma vez por todas com quaisquer interesses económicos por detrás dos incêndios: com boa legislação e melhores formas de aplicação e fiscalização que tornem o objectivo da lei exequível; por exemplo acabar com o aluguer de equipamentos aéreos a empresas privadas, tornar os fogos lucrativos para qualquer sector é um convite ao fogo, não digo que tenham sido os causadores mas a lei não deve permitir que alguma vez o sejam. É ao Estado e mais ninguém que deve caber esta responsabilidade de proteger a floresta, não devendo haver lugar a aluguer.

-As linhas de corta fogo onde estão? se existem, poucos conhecemos, nem linhas de água, nem ordenamento florestal e uma vez ardidas, muitas zonas florestais são deixadas por sua conta, em cinzas, numa paisagem desoladora sem que hajam planos ordenados e coerentes (com o que é sugerido) de florestação. Lençóis freáticos em risco, deslizamento de terras, erosão, são apenas algumas das consequências. Não queremos que a floresta seja abandonada e ignorada em cinzas por meses e anos após os fogos e é até escandaloso que o seja.

- Estudar modelos de sucesso em termos de prevenção e combate que possam existir noutros países e onde funcionem ou tenham funcionado de forma eficaz.

-Além de uma nova estrutura organizacional para a gestão da prevenção e com competências verticais, um estudo propõe outras "medidas estruturantes" para diminuir os fogos florestais em Portugal, como a construção, com o apoio da Engenharia Militar, e a manutenção de uma rede básica de faixas (espaços limpos) de gestão de matérias combustíveis (com cerca de 150 metros de largura) nas áreas florestais. De resto a engenharia militar deve olhada com atenção enquanto recurso precioso para qualquer plano de combate e até prevenção. Deve recorrer-se também ao engenho e criatividade dos nossos institutos politécnicos das áreas cientificas que possam oferecer boas ideias e engenhos técnicos, dispositivos, úteis à vigilância, prevenção e combate e até eventualmente abrir concurso de ideias à sociedade porque desde que surja uma boa ideia, é o que importa, venham de especialistas ou não, o que importa é que hajam soluções eficazes. É necessário investimento em inovação tecnológica no combate aos incêndios florestais: quer na aquisição do que seja mais recente e eficaz no mercado internacional, quer também investindo em investigação nas nossas universidades.

- Fazer um mapa detalhado/cartografia detalhada da nossa floresta; é preciso saber ao certo o que pertence a quem, que características tem, etc, para delinear melhores e mais adequadas soluções. Há espaços rurais em que a compra de terrenos e doação ainda é feita com base na palavra. A escritura deve ser gratuita mas obrigatória.

-Outras três propostas vão no sentido do reposicionamento de alguns dos postos de vigia existentes, da constituição imediata de uma rede de telecomunicações comum e da coordenação aérea no combate, preferencialmente pela Força Aérea, com base em aeronaves especializadas, que prestariam também apoio no rescaldo.

- Postos ou torres de vigia regulares no terreno e por exemplo estudar a possibilidade de serem equipadas com meios de filmagem de eventuais actividades suspeitas com sistema de infravermelhos por exemplo e capacidade de detecção de um fogo em fase inicial, recorrer a inovação tecnológica e estudos tecnológicos seria uma possibilidade a considerar.

- Técnicos florestais de proximidade:a intervenção dos técnicos pode realizar-se através da extensão rural (aconselhamento dos produtores ou responsáveis), trabalho técnico (elaboração de projectos,acompanhamento de empreitadas) bem como definindo e executando a política florestal nacional. O técnico pode e deve ter um papel importante como educador sobre as questões florestais. Ser bom tecnicamente não é suficiente. O técnico florestal é um mediador entre as políticas públicas sobre a floresta, os conhecimentos que provêm da investigação, e os proprietários florestais, gestores públicos e sociedade em geral.
Em Portugal existem escolas de Ensino Superior que leccionam cursos de ciências florestais.

- Para além de voluntariado ambiental para quem tenha tempo livre e que queira receber formação breve e ajudar, devem haver vários e bons programas que permitam que ajudem no patrulhamento mas também, se o desejarem, ajudando na limpeza de matas. Se os presidiários desejarem integrar programas destes também devem poder fazê-lo, com as devidas adaptações, podendo reduzir a pena e pelo menos sentir o ar livre e fresco o que para alguns talvez ajude a suportar melhor a pena e passar o tempo. Todavia não deverá ser coerciva pois só fomenta estigmas injustos e hostilidade indesejáveis, ninguém deve ser avaliado com sobranceria, soube como estudante de Direito (autora da petição) que há gente com valor cá fora como lá dentro, esta sugestão seria para integrar e ajudar e não para condenar e estigmatizar. Fazer algo de útil se o desejarem pode até ajudar a reinserção se houver inclusive alguma retribuição como há nalguns serviços prisionais e se receberem formação das técnicas e meios de prevenção, quem sabe até alguma equivalência escolar que permita uma mais valia após o cumprimento da pena se o desejarem, em condições humanas e dignas, claro, nem havia porque não serem. Falou-se também em beneficiários de subsídios que assim possam e a saúde permita ou contexto familiar e queiram, desempregados, estudantes, reformados, pessoas com parte do dia livre etc. Mais uma vez, dentro da mesma lógica; sem coerção ou julgar pessoas não sendo a nós que compete, nem há porque fazê-lo, mas como missão importante e útil.

-Criação de padrões de exploração florestal (corte raso, salteados ou em cunha) que promovam a criação de manchas de dimensão razoável que, por sua vez, imprimam uma paisagem horizontalmente descontínua, reduzindo/modificando a velocidade de propagação de um eventual incêndio, nomeadamente através da inviabilização de potenciais fogos de copas (a copa das árvores junto com o vento são excelentes propagadores...).

-Limpeza de vegetação ao longo de ferrovias (as faíscas são fontes de ignição) bem como a limpeza de lixos e entulhos nas matas; basta o sol incidir horas a fio sobre um pedaço de vidro ou outro foco luminoso para se dar um incêndio.

- Já referi a necessidade de fazer um cadastro da floresta mas pode fazer-se mais facilmente com ajuda de associativismo, as associações florestais, se fossem apoiadas, poderiam ficar encarregues de fazer o levantamento de cerca de meio milhão de proprietários florestais. Com a vantagem de dar início a uma gestão florestal integrada que não pode esperar uma actualização dos registos, que possa demorar anos.

- Necessidade de haverem planos de gestão de baldios que de facto, entre Estado e utentes sejam eficazes.

-Não podem haver dois pesos e duas medidas em matéria de justiça, não podem continuar a prender a "arraia miúda" sem averiguar que outros potenciais e mais poderosos interesses hajam por detrás dos incêndios, que outros lobbies podem existir, até eventuais mandantes, ninguém deve ser especialmente penalizado por ser pobre ou ser o alvo mais fácil e haverem assim dois pesos e duas medidas.

- Uma noticia do Correio da manhã dava conta de um decreto-lei que permitia novamente o levantamento de embargos à construção em áreas ardidas. O cidadão comum não é parvo e interroga-se se não haverão aqui lobbies em colaboração e até colaboração entre política e lobbies (não seria a primeira vez). Este tipo de legislação é como lançar gasolina num incêndio e deve ser revogada e pelo contrário; aumentado o período possível para construção em vez de diminuído.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/economia/ja-se-pode-construir-em-areas-ardidas

-Estejam ou não correctas as velhas suspeitas que recaem sobre madeireiros e negócios em torno de madeira ardida mais barata e aproveitável creio que ela deve, uma vez que é aproveitável, ser ao mesmo preço. Esteja esta velha teoria certa ou errada, enquanto não hajam certezas não devem haver lucros.

-A comissão de especialistas que referi (o nome pode ser "Comissão para a prevenção e combate a fogos florestais e de ordenamento florestal" por exemplo) pode até incluir psicólogos e os mesmos traçarem perfis (os famosos "profilers") mas quando se generaliza há um perigo de estigmatização, de eventual revolta popular mal dirigida, de exclusão social ainda maior para alguns e se de facto há questões sociais por detrás de muitos fogos e comuns a muitos deve haver cautela no manuseamento e divulgação destes dados que não venham agravar hostilidades, perigosas também elas, uma vez que se falou de sentimentos de vingança por detrás de alguns fogos.

-As questões sociais por detrás devem ter acompanhamento especializado (assistentes sociais e outros necessários), formas de ocupação de tempos livres e ajuda no traçar de um plano pessoal de vida. Em termos de jovens e menores os pais devem procurar fazer o melhor acompanhamento possível dos seus tempos livres ou arranjarem-se formas de os jovens ocuparem os tempos livres que evitem o vaguear em tédio sem nada para fazer fora e que incluam a já referida educação ambiental e para os valores que deve englobar pais também, poderiam haver, por exemplo, protocolos com instituições especializadas para ocupação de tempos livres.

-Ouvir os bombeiros é fundamental! Se precisam de mais meios devem dizer quais e serem ouvidos e ajudados bem como as suas famílias. As dificuldades de acesso no terreno devem ser combatidas criando melhores acessos de acordo com as sugestões de bombeiros e engenheiros florestais/silvicultura e com a ajuda, por exemplo, da engenharia militar ou outras formas eficazes de o fazer.

- Devem fazer-se esforços para fixar as populações no interior, criar oportunidades, combater a desertificação do interior, tornar a exploração florestal mais atractiva não só pela via da celulose ou sub-produtos dos pinheiros mas tornar aliciantes e rentáveis outras espécies de árvores endémicas dando apoios ou solicitando apoios (à U.E.) ou atraindo apoios a novos nichos de mercado e negócios que incluam também o uso da biomassa florestal. A nossa floresta não pode continuar a ser monocórdica e mal aproveitada.

- Há tempos, num programa informativo na TV, o juiz Rui Rangel e o ex-bastonário da ordem dos advogados, o Dr. Marinho Pinto, falavam acerca do agravamento das penas para os incendiários referindo que o agravamento das penas, apesar de ideia em contrário, quase geral, não dissuadir o crime de quem acha que nunca vai ser detido pelas autoridades, o juiz explicou até como a lei foi feita de molde a que hajam penas bem estruturadas pelo que não consideravam que o agravamento das penas fosse adiantar de nada. De facto, é possível que quem sente uma pulsão incendiária se detenha pouco a pensar na pena que lhe pode corresponder, também é possível que ache que não será detido, logo, se outras soluções têm que ser ou podem ser estudadas e se calhar é importante resolver as questões de base que levam o incendiário a incendiar. Talvez seja melhor quem estuda as causas procurar em conjunto com outras entidades, que possam ser importantes nestas matérias, adequar as soluções, se a repressão não funciona opte-se pelo acompanhamento, tentar ouvir e perceber, para agir no sentido de prevenir situações futuras, da parte dessas e outras pessoas, que possam combater a exclusão social, promover a educação para os valores, incluindo, claro, os valores ambientais e comunitários, mais conhecimentos sobre a natureza, a sua complexidade, riqueza e ecologia, fazer programas especiais e talvez até propor-lhes ser agentes de mudança trabalhando em prol da floresta (dando testemunho para ajudar na prevenção, sensibilizando outros quando se sintam prontos para isso). De resto o mesmo poderia ser dito, enquanto detidos, face ao que foi dito sobre outros detidos mas talvez aqui devessem haver programas especiais. Quanto ao castigo abstenho-me de dar sugestões efetivas, apenas propus uma via de evolução de mentalidade/conhecimentos.

-Outras medidas úteis que aqui não constem mas se revelem eficazes ou se possam revelar como tal também devem ser tidas em conta como é óbvio.

Para complementar esta exposição acrescento-lhe aqui excertos de textos que podem ser interessante:
Por José Gomes Ferreira, subdirector de Informação da SIC com o titulo: “A Indústria dos incêndios":
https://www.facebook.com/pages/Apoiar-Jos%C3%A9-Gomes-Ferreira/120144254799440 e http://www.dn.pt/Inicio/interior.aspx?content_id=621079

http://www.icnf.pt/florestas/dudf/Resource/pdf/dados-importados/Rel-estudo-20causas-20CIES-ISCTE-06.pdf

umonline.uminho.pt/.../20110817279aca17082011062700.pdf

Pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Mota Soares:
http://www.ionline.pt/portugal/85-cento-dos-incendios-florestais-tem-origem-criminosa

Eu pergunto: porque razão não se acautelam todas estas potenciais causas? porque não se ouvem estas pessoas que podem estar muito certas, muito erradas ou assim, assim mas creio que é dever de quem lida com as soluções de ouvir e indagar.

É preciso que este assunto não mais fique "na gaveta" porque ele não desaparece por si sem empenho, dedicação e entendimento entre todos os que podem ajudar a resolvê-lo.

Obrigada pela atenção dispensada.

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The Pelo empenho na criacção de medidas pela investigação, prevenção e combate aos fogos florestais e pela reflorestação petition to Assembleia da república was written by Patricia T. and is in the category Environment at GoPetition.